Em Posse Solene, Papa Leão XIV Clama por Unidade na Igreja e Afasta Temores de Governo Autoritário

 

Internacional - 18/05/2025 - 16:00:01

 

Em Posse Solene, Papa Leão XIV Clama por Unidade na Igreja e Afasta Temores de Governo Autoritário

 

Da Redação com agências

Foto(s): Divulgação / Vatican News

 

Novo Pontífice Apela à União e Rejeita Autocracia em Início de Papado

Novo Pontífice Apela à União e Rejeita Autocracia em Início de Papado

Com uma cerimônia solene neste domingo, o Papa Leão XIV iniciou seu pontificado, buscando o apoio de alas conservadoras que se sentiram desamparadas sob o pontífice anterior. Em seu discurso inaugural, ele enfatizou a unidade, prometeu manter a tradição da Igreja Católica e rejeitou um estilo de governo autocrático.

Após saudar uma multidão estimada em cerca de 200 mil pessoas na Praça de São Pedro e arredores a bordo do papamóvel, Leão foi formalmente declarado o 267º líder da Igreja Católica Romana durante uma missa campal.

Devotos de diferentes nacionalidades, incluindo dos Estados Unidos e do Peru, exibiram suas bandeiras, com ambos os países reivindicando-o como seu primeiro papa. Nascido em Chicago, o pontífice de 69 anos dedicou muitos anos ao trabalho missionário no Peru, possuindo também a cidadania peruana.

Robert Prevost, até então uma figura pouco conhecida no cenário global e elevado ao cardinalato apenas dois anos antes, foi eleito papa em 8 de maio, após um breve conclave de cardeais que durou apenas um dia.

Ele sucede o argentino Francisco, falecido em 21 de abril após 12 anos de um papado frequentemente marcado por turbulências, durante os quais enfrentou resistência dos tradicionalistas e defendeu os direitos dos pobres e marginalizados.

Em seu sermão, proferido em italiano fluente, Leão declarou que, como líder de 1,4 bilhão de católicos em todo o mundo, dará continuidade ao legado de Francisco em questões sociais, como a luta contra a pobreza e a proteção do meio ambiente.

Ele se comprometeu a enfrentar "as questões, preocupações e desafios do mundo contemporâneo" e, em um gesto direcionado aos conservadores, prometeu preservar "a rica herança da fé cristã", fazendo repetidos apelos à união.

A multidão presente manifestou seu apoio com gritos de "Viva il Papa" e "Papa Leone", enquanto ele acenava do papamóvel antes da missa inaugural, que contou com a presença de inúmeros líderes mundiais.

O vice-presidente dos EUA, JD Vance, um católico convertido que teve divergências com Francisco em relação às políticas de imigração restritivas do governo americano, liderou a delegação dos Estados Unidos ao lado do Secretário de Estado Marco Rubio, também católico.

Vance trocou um breve aperto de mãos com o presidente ucraniano Volodymyr Zelenskiy no início da cerimônia. Os dois já haviam se encontrado em fevereiro na Casa Branca, em um encontro tenso diante da imprensa internacional.

Zelenskiy e Leão teriam um encontro privado no final do domingo, enquanto Vance tem uma audiência com o papa agendada para segunda-feira.

Em um breve discurso ao final da missa, Leão abordou diversos conflitos globais. Ele descreveu a Ucrânia como um país "martirizado", uma expressão frequentemente utilizada por Francisco, e clamou por uma "paz justa e duradoura" na região.

Ele também mencionou a crise humanitária em Gaza, afirmando que a população no enclave palestino está sendo "reduzida à fome".

Entre os presentes na cerimônia de domingo, havia muitos peregrinos vindos dos Estados Unidos e do Peru.

Dominic Venditti, de Seattle, expressou sua grande satisfação com o novo papa. "Gosto de como ele é emotivo e gentil", disse. "Acho sua trajetória muito interessante."

Apelo à Unidade

Desde sua ascensão ao papado, Leão já indicou algumas prioridades para seu pontificado, incluindo um alerta sobre os perigos da inteligência artificial e a importância de promover a paz tanto no mundo quanto dentro da própria Igreja.

O papado de Francisco deixou uma Igreja dividida, com conservadores acusando-o de gerar confusão, especialmente em relação a questões de moralidade sexual, como as uniões entre pessoas do mesmo sexo.

Afirmando assumir sua missão "com medo e tremor", Leão empregou as palavras "unidade" ou "unido" sete vezes e o termo "harmonia" quatro vezes em seu discurso de domingo.

"Nunca se trata de subjugar os outros pela força, por propaganda religiosa ou pelo poder. Em vez disso, trata-se sempre e unicamente de amar, como Jesus fez", declarou, em uma aparente referência às tensões entre católicos que se identificam como conservadores ou progressistas.

Os conservadores também criticavam Francisco por seu estilo de governo centralizador e lamentavam que ele não desse a devida atenção às suas preocupações, nem os consultasse amplamente antes de tomar decisões.

Referindo-se a São Pedro, o apóstolo do século I a quem os papas sucedem, Leão afirmou:

"Pedro deve pastorear o rebanho sem jamais ceder à tentação de ser um autocrata, dominando aqueles que lhe foram confiados. Pelo contrário, ele é chamado a servir a fé de seus irmãos e irmãs e a caminhar ao lado deles."

Diversos líderes mundiais participaram da cerimônia, incluindo os presidentes de Israel, Peru e Nigéria, os primeiros-ministros da Itália, Canadá e Austrália, o chanceler alemão Friedrich Merz e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen.

A realeza europeia também marcou presença nos assentos VIP próximos ao altar principal, incluindo o rei espanhol Felipe e a rainha Letizia.

Leão cumprimentou muitos deles ao final da cerimônia e abraçou seu irmão Louis, que viajou da Flórida para o evento.

Como parte do rito, Leão recebeu dois símbolos importantes: o pálio, uma faixa de lã de cordeiro que representa seu papel como pastor, e o "anel do pescador", uma lembrança de São Pedro, que era pescador.

O anel cerimonial de ouro é confeccionado especialmente para cada novo papa e pode ser usado para selar documentos, embora essa prática tenha caído em desuso nos tempos modernos. Ele apresenta a imagem de São Pedro segurando as chaves do céu e será destruído após a morte ou renúncia do pontífice.

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